30/09, segunda-feira
16h | Mesa de homenagem a Antônio Bispo dos Santos: Nego Bispo: um diversal ancestral encantado
Com profa. Dra. Adilbênia Machado (UFRRJ) e Prof. Dr. Eduardo Oliveira (UFBA)
O propósito desta mesa é homenagear Antônio Bispo dos Santos, Nêgo Bispo, grande expoente da Filosofia Contemporânea Brasileira, uma das nossas principais referências Quilombola. Diversal do sertão piauiense, nascido à beira do Vale do Rio Berlengas, integrante do quilombo Saco-Curtume localizado no município de São João do Piauí, onde viveu a maior parte de sua vida e onde faleceu em dezembro de 2023.
Primeiro membro de sua família a ter acesso à educação escolar com o objetivo de ajudar a comunidade, um lenhador, sindicalista, ativista político, filósofo, poeta, escritor, professor…. Contracolonizador orgânico, enraizado, referência da ancestralidade negra quilombola, encantado na chegada e encantado na passagem. |
01/10, terça-feira
14h | Justiça Climática e Responsabilidade Ambiental: um desafio para a Filosofia
Com Profa. Dra. Alyne Costa (PUC/Rio), Dra. Cecilia Cavalieri (PUC/Rio), Prof. Dr. Denis Coitinho (Unisinos), Prof. Dr. Jelson Oliveira (PUC/PR), Dr. Moysés da Fontoura Pinto Neto (PUCRS), Prof. Dr. Nuno Castanheira (UFPel) e Prof. Dr. Nythamar Oliveira (PUCRS)
A recente tragédia ambiental vivida pelo Rio Grande do Sul, cujas consequências se prolongarão e potencializarão ao longo dos próximos anos, soma-se a uma série de evidências sobre a gravidade da emergência ambiental que nos afeta. Diante da relevância desse desafio, cabe à Filosofia assumir a sua tarefa de pensar, mobilizar consciências e atitudes em benefício da preservação ambiental, considerando que tal situação se apresenta como desafio ético e político de primeira grandeza.
Esta mesa reúne especialistas, interessados e impactados pela crise ambiental e climática para analisar, sob diferentes perspectivas, a gravidade dos fatos e debater as contribuições da Filosofia para o enfrentamento desse cenário. E o faz a partir de uma articulação temática entre o conceito de responsabilidade ambiental e de justiça climática, pretendendo demonstrar, assim, que o desafio ecológico deve ser compreendido a partir das pessoas, comunidades e seres vivos mais vulneráveis, vítimas das chamadas “triplas injustiças”: menos responsáveis pelo problema, sofrem antes e de forma mais grave os seus efeitos e, sem condições de enfrentamento, veem sua situação de empobrecimento agravada pelos danos subsequentes. Trata-se, enfim, de analisar como as políticas econômicas que geram e mantêm as injustiças sociais, geram também as mudanças climáticas. Se o que está em jogo é a utopia de um mundo comum, a Filosofia é agora convocada – na expressão de Hans Jonas – à sua “primeira tarefa cósmica”: contribuir para a preservação do equilíbrio biótico do planeta. |
16h | A urgência de contracolonizar a Filosofia e o Ensino de Filosofia
Com profa. Dra. Maria Cristina Longo (UFES), profa. Dra. Raquel Imanishi Rodrigues (UnB), profa. Dra. Tessa Moura Lacerda (USP) e prof. Dr. Wanderson Flor Do Nascimento (UnB)
São tempos turvos e difíceis esses em que vivemos. Tempos de desastres (anunciados e) sucessivos, de morte e genocídio, “tempos de urgência para todas as espécies, inclusive a humana”, nos quais a recusa de saber, pensar, é também, muitas vezes, a de cultivar a capacidade e habilidade de reagir, dar respostas – sobretudo coletivas. “Cultivar response-ability”, para retomar a cama-de-gat0 e os termos de Donna Haraway: “é ser capaz de se desvincular e ligar, com paixão e ação” 1. Discutir nossos vínculos e ligações, seja como educadores e formadores, seja como acadêmicos e pesquisadores, mas também como (sobre)viventes e implicados com essa terra e esse mundo é o objetivo dessa mesa, de caráter reflexivo e (por que não) resolutivo, como exigia Nego Bispo. Também em referência (e deferência) a ele, poderíamos dizer que o que está em jogo e discussão aqui são nossos desenvolvimentos em sentido amplo. O quanto e de que conseguimos (e talvez precisamos) nos desconectar, com o que e com quem podemos (e queremos) nos envolver?Isso dito, três pontos podem servir para um começo de conversa. O primeiro é que hoje não pode ser propriamente a marcação de seu início. A despeito da diversidade e estridência do que se convencionou chamar de “pensamento contemporâneo da crise”, bem como dos muitos campos por ele abarcados, o canto fúnebre do progresso moderno foi (e é) entoado e sentido por muitos povos “desde outros tempos”. Como escreve Flor do Nascimento: “O processo colonial escravista introduziu os povos africanos e indígenas em uma crise incessante desde o começo da Modernidade”, sendo essa inteira “no velho continente negro e em sua diáspora (…) um tempo de crise”2. O segundo é que muita gente está pensando sobre isso: a afirmação de que, com o advento do colonialismo europeu, inúmeras formas de conhecimento – ancestrais, comuns e em íntimo envolvimento com a terra – foram apagadas da história ocidental das ideias como um não saber está no conceito de “violência epistêmica” cunhado por G. Spivak; no conceito de “epistemicídio”, de que Sueli Carneiro se apropria; na reivindicação do caráter filosófico do pensamento nagô oriundo dos terreiros, de Muniz Sodré; na afirmação de Silvia Federici do comum em relação com povos originários da terra; nas pesquisas contemporâneas de Isabelle Stengers, Bruno Latour, bem como nos textos de Davi Kopenawa e Bruce Albert, entre outros.
Ainda que nossa capacidade de resposta passe pela capacidade de mobilizar e reativar esses conceitos, bem como de pensar com esses povos e suas práticas resistentes e contracolonizadoras, algumas características da discussão em curso na chamada “comunidade filosófica brasileira” vêm definindo o modo e os limites em que o debate é colocado: como uma questão (1) de ampliação e reescritura do cânone que orienta (ou deveria orientar) a história e o ensino da filosofia, como uma (2) questão identitária e, em termos políticos, representativa, e (3) como uma demanda institucional (Lei 10639/03 e as recentes alterações de diretrizes seja para o Ensino Médio seja para as licenciaturas em filosofia). 1 HARAWAY, Donna J. Ficar com o problema: fazer parentes no Chthluceno, 2023, p. 69, trad. modificada). 2 FLOR DO NASCIMENTO, Wanderson. “Èkó láti sayé: educação e resistência nos candomblés” in Revista Educação e cultura contemporânea, vol. 17, no. 48, 2020, p. 408. |
17h | Mesa em homenagem a Newton da Costa
Com Prof. Dr. Décio Krause (UFRJ), Profa. Dra. Itala Maria Loffredo D’Ottaviano (Unicamp), Prof. Dr. Edélcio Gonçalves de Souza (USP) e Prof. Dr. Evandro Luís Gomes (UEM).
Reconhecido internacionalmente como o criador da lógica paraconsistente, Newton da Costa faleceu no dia 16 de abril de 2024. Filósofo da linguagem, da lógica e também matemático, ele foi professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Dentre seus livros publicados estão “Sistemas Formais Inconsistentes”, “Lógica Indutiva e Probabilidade” e “O Conhecimento Científico”. |
18h30 | Filosofia e História da Filosofia
Com Profa. Dra. Katiúscia Ribeiro (PUC/SP), Prof. Dr. Ernani Chaves (UFPA) e Profa. Dra. Helena Theodoro (UFRJ) e mediação da profa. Dra. Valdenice José Raimundo (Unicap).
História da Filosofia, com Katiúscia RibeiroA mesa propõe uma abordagem que problematiza a história da filosofia ocidental e busca trazer à tona as contribuições filosóficas do continente africano. Pensar a história da filosofia não pode estar desassociado de outras contribuições para a história da filosofia. Nesse sentido, a filósofa africana busca desconstruir a narrativa hegemônica eurocêntrica que domina a história da filosofia, a qual muitas vezes exclui ou minimiza as perspectivas filosóficas africanas e dos povos originários. A proposta é estabelecer um diálogo que reconheça que a filosofia africana é rica e diversa, com uma tradição intelectual que remonta a milhares de anos. Sendo assim, abordaremos: 1. A desconstrução da narrativa eurocêntrica: questionando a ideia de que a filosofia ocidental é superior ou universalmente aplicável, destacando a importância de reconhecer e valorizar outras tradições filosóficas, incluindo a africana. 2. Resgate e valorização da filosofia africana: A Dra. Katiúscia Ribeiro destaca a importância de estudar e difundir a filosofia africana, trazendo à tona os pensadores e conceitos filosóficos africanos que foram historicamente negligenciados ou marginalizados. 3. Diálogo intercultural: defesa da necessidade de promover um diálogo intercultural entre diferentes tradições filosóficas, incluindo a filosofia africana e a filosofia ocidental. Isso envolve reconhecer as contribuições mútuas e superar as barreiras epistemológicas e culturais. Em resumo: busca enriquecer a história da filosofia, ampliando sua perspectiva e incluindo vozes e perspectivas historicamente negligenciadas. Ao problematizar a história da filosofia, é possível contribuir para uma visão mais inclusiva e abrangente da filosofia como um todo. Katiúscia Ribeiro é mulher preta, nascida e criada num Quilombo no Rio Grande do Sul, Mulherista Africana, Filósofa, Doutora em Filosofia Africana pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde há mais de uma década se tornou a primeira pessoa a escrever uma monografia acerca da Filosofia Africana. Atualmente, é Professora Pesquisadora Convidada da Universidade de Temple, na Filadélfia; no Departamento de Africologia e Estudos Afro-Americanos – o primeiro e mais importante departamento de Africologia do mundo, além de lecionar na Pós-graduação da PUCSP. Katiúscia apresenta o programa ‘O Futuro é Ancestral’, no canal GNT. É Coordenadora Geral do Laboratório de Africologia e Estudos Ameríndios Geru Maã da UFRJ e Fundadora e CEO do Instituto Ajeum Filosófico, que tem como intuito propagar o ensino das filosofias africanas para emancipação da população negra diaspórica. |
Teorias feministas pretas contemporâneas, com Helena TheodoroA visão do princípio feminino na tradição iorubá,situando as mulheres como secretas, sagradas e políticas. No pensamento filosófico iorubá o princípio feminino tem o mesmo valor do princípio masculino, havendo um equilíbrio entre eles. Ambos contribuem para a vida comunitária, sendo que as mulheres preservam a espécie porque só elas são capazes de procriar. As filósofas africanas e latinas contestam a visão do pensamento colonial das mulheres terem limitações de pensamento ou força fisica, comprovando como o povo preto descende de rainhas e guerreiras. Helena Theodoro é doutora em Filosofia, Pós-doutora em História Com Maparada, presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Elas + Doar para Transformar, autora da Editora Pallas: Iansã, Os Ibéjis e o Carnaval, Martinho da Vila reflexos no espelho.Enredista do Acadêmicos do Salgueiro em 2022, autora dos argumentos das peças Mãe de Santo(2023) e Mãe Baiana em 2024 no Teatro do CCBB, professora visitante do PPGF/IFCS/UFRJ. |
02/10, quarta-feira
18h30 | Filosofia e Gênero
Com Profa. Dra. Letícia Carolina Nascimento (PPGS/UFPI), Profa. Dra. Juliana Aggio (UFBA) e Profa. Sara York, doutoranda (PPGEDU/UERJ) e professora visitante do CLAS-Pitt/PA
Infâncias possíveis: transcriando parafernálias de gênero, com Letícia Carolina NascimentoEm sua fala, a professora Letícia vai argumentar que pensar o processo de produção de gênero desde a infância requer compreender a utilização das diferentes parafernálias impostas e criadas para experimentação de nossas corporalidades dentro (e para além) da binaridade de gênero. É fundamental, segundo a professora, apostar na capacidade inventiva da infância para pensarmos possibilidades de transcender o fundacionalismo biológico de gênero, criando rupturas no qual o brincar se apresente como modo de criar para si corpes (não) generificades. Letícia Carolina Nascimento é mulher travesti, negra e gorda. É filha do Piauí e neta do Maranhão. Ekedy no terreiro-escola Ilê Asê Oba Oladeji, Filha de Xangô e Oyá. Leonina com lua em capricórnio. Doutora em Educação pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Professora do curso de Pedagogia (UFPI) e colaboradora no Programa de Pós-graduação em Sociologia (PPGS/UFPI). Autora do livro Transfeminismo, na Coleção Feminismos Plurais coordenada por Djamila Ribeiro. É ativista social atuando junto a coordenação executiva nacional do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (FONATRANS). Pesquisadora filiada ao Núcleo de Estudos e Pesquisa em Educação Gênero e Cidadania (NEPEGECI/UFPI); a Rede Interdisciplinar de Mulheres Acadêmicas do Semiárido (RIMAS/UFRPE); e a Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN). Atualmente compõe a direção nacional do ANDES-SN. |
Transfilofilia: um mergulho epistemológico, com Sara YorkA filosofia de gênero é um campo que examina como as ideias sobre gênero influenciam o pensamento filosófico, bem como como a filosofia pode contribuir para a compreensão e a transformação das concepções de gênero na sociedade. Ela aborda questões como identidade de gênero, papéis de gênero, opressão de gênero, desejo, prática sexual e as relações entre gênero e outras categorias, como raça, classe, sexualidade, bem como a inclusão das experiências de mulheres trans e travestis. Mulheres na filosofia é um tópico relacionado que se concentra na presença, contribuições e desafios enfrentados pelas mulheres (cis e trans), incluindo mulheres trans e travestis, na disciplina filosófica. Historicamente, as mulheres têm sido sub-representadas na filosofia, tanto como estudiosas quanto como filósofas reconhecidas. Esse campo de estudo examina as razões dessa sub-representação, bem como destaca as contribuições das mulheres para a filosofia ao longo da história, incluindo as mulheres trans e travestis apagadas e sem registros ao longo. Juntos, esses campos de estudo buscam ampliar e enriquecer a filosofia ao incluir perspectivas e experiências muitas vezes negligenciadas ou marginalizadas, como nos lembra Maria Clara Dias. Eles também desafiam as concepções tradicionais de gênero e questionam o papel do gênero na produção de conhecimento filosófico, buscando uma maior inclusão das vivências das mulheres trans e travestis no campo dialógico da produção de sentidos e ampliação dos graus de iterabilidade. Sara York ou Sara Wagner Pimenta Gonçalves Júnior é uma pessoa com deficiência visual, pai, avó e apresentando-se como Travesti da/na Educação. Professora visitante e associada ao CLAS Universidade de Pittsburgh (Pensilvânia) e professora visitante na Vanderbilt University (Tenesse). É Mestra em Educação (GENI/ProPEd / UERJ – com bolsa CNPq), especialista em Gênero e Sexualidades (CLAM / Instituto de Medicina Social – UERJ – com bolsa da própria instituição) e especialista em Orientação Escolar, Supervisão Escolar e Inspeção Escolar (ISV). Graduada em Letras – Literatura Inglesa (Licenciatura / UNESA), Pedagogia (Licenciatura / UERJ) e Letras Vernáculas e Literaturas Brasileiras, Portuguesas e Africanas em Língua Portuguesa (Licenciatura / UNESA). Jornalismo (UNESA/2021-2023) é considerada a primeira âncora do jornalismo brasileiro através da mídia (pós TV) Brasil 247. Recebeu a Medalha ALUMNI da Universidade Estácio de Sá (2017) pela luta na implantação do nome social, nas plataformas educacionais da instituição nacionalmente e por atuar junto à comunidade carioca pela trans-inclusão. Também recebeu o Diploma de reconhecimento e gratidão em atividades durante a pandemia de COVID-19 da Câmara Municipal do Rio de Janeiro – RJ (2021). Conferida pela Câmara Municipal da cidade do Rio de Janeiro com a Medalha de Reconhecimento Chiquinha Gonzaga (2023). Recebeu também em 2023 o Prêmio Antonieta de Barros em relevância aos mês das mulheres pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ-2023). |
03/10, quinta-feira
18h30 | Filosofia e Raça
Com Profa. Dra. Halina Leal (FURB), Prof. Dr. Renato Noguera (UFRRJ) e Prof. Dr. Wanderson Flor Nascimento (UnB)
Do epistêmico ao político: os limites raciais e de gênero na filosofia brasileira, com Halina LealA filosofia brasileira, não somente no seu conteúdo epistêmico eurocentrado, mas na produção e reprodução desse conteúdo como referência quase que exclusiva do filosofar, nos instiga a refletir acerca da própria filosofia e de quem assume os lugares de agentes de produção de conhecimento filosófico no contexto brasileiro. Na presente fala, se buscará problematizar tais pontos, tomando-se como referencial de análise os debates raciais e de gênero. Halina Leal é doutora em Filosofia pela Universidade de São Paulo, com estágio de doutoramento na Universidade de Standord. Professora da Universidade Regional de Blumenau – FURB; professora do PPGFil da PUCPR, professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR-FURB). Líder do Grupo Interdisciplinar de Pesquisas em Gênero, Raça e Poder, GENERA-FURB e presidente da Comissão de Diversidade e Inclusão, CODIN/FURB. |
Qual é o mais potente dos afetos? Cosmofobia, cosmofilia e confluências”, com Renato NogueraComo refazer a questão filosófica sobre a potência dos afetos numa interlocução afroconfluente? A partir dessa formulação, Noguera vai polidialogar com filosofias africanas e dos povos originários para lidar com uma breve cartografia dos afetos. Renato Noguera é doutor em Filosofia (UFRRJ) e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Atua como Pesquisador do Laboratório de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (LEAFRO) e do Laboratório Práxis Filosófica de Análise e Produção de Recursos Didáticos e Paradidáticos para o Ensino de Filosofia da UFRRJ. |
Entre as políticas da filosofia e o fazer filosófico: as filosofias africanas, com Wandersn FlorNesta fala, o professor Flor vai discutir como o que tem chamado de agendas políticas e as políticas da produção filosófica impactam e são impactadas pelas reivindicações – que não são apenas brasileiras – pela ampliação dos horizontes do que é considerado como filosófico no debate em torno das filosofias africanas. Nesse cenário, as discussões sobre o fazer filosófico têm realizado um reencontro com temas como o rigor e o mérito, muitas vezes entendidos como categorias apolíticas. Wanderson Flor é doutor em bioética pela Universidade de Brasília (UnB) e professor do Departamento de Filosofia da UnB, do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Cidadania (CEAM/UnB), do Programa de Pós-Graduação em Metafísica (IH/UnB), e colaborador dos programas de mestrado profissional em Sustentabilidade junto ao Povos e Terras Tradicionais (MESPT/UnB) e Filosofia – PROF FILO – (Multi-institucional, Pólo UnB). Ele também é membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Raça, Gênero e Sexualidades Audre Lorde – GEPERGES Audre Lorde (UFRPE/UnB-CNPq), do Núcleo de Estudos sobre Filosofias Africanas “Exu do Absurdo” (NEFA/UnB) e do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB/CEAM/UnB). |
04/10, sexta-feira
16h | Palestra com Sally Haslanger
O que Podemos Fazer? Co-Projetando Intervenções Sociais, com Sally HaslangerUma característica importante de projetos teóricos que visam promover justiça social é o compromisso de capacitar aqueles que estão em circunstâncias opressivas, para que possam resolver seus próprios problemas. Há duas razões para adotar essa abordagem. Primeiro, os oprimidos possuem um conhecimento situado das circunstâncias que outros não têm. No entanto, o conhecimento situado pode não ser suficiente para estimular a crítica. A segunda razão é que, como tanto o conhecimento quanto os valores são moldados por práticas sociais, um engajamento coletivo com práticas historicamente e materialmente fundamentadas pode fornecer um novo quadro para a agência, que permite uma reestruturação criativa e potencialmente emancipatória das relações sociais. Baseando-me em dois estudos de caso, argumento que o co-design é um método para possibilitar mudanças sociais contextualizadas e que isso é compatível com a objetividade do valor. Para alcançar a justiça social, nosso conhecimento e nossos valores não devem apenas refletir a realidade; em vez disso, precisamos criar uma nova realidade juntos. Sally Haslanger é Professora Ford de Filosofia no Departamento de Linguística e Filosofia do MIT e afiliada ao Programa de Estudos da Mulher e de Gênero do MIT. |